Agência de notícias aponta cenário preocupante para a F1 nos EUA
General
- Marcos Gil
Embora o Grande Prêmio do Canadá tenha sido um dos cinco mais assistidos de todos os tempos no canal de televisão americano ABC (o canal transmite apenas algumas corridas por ano), a tendência geral da Fórmula 1 nos Estados Unidos não é tão positiva quanto era há alguns anos. A corrida de Miami não teve lotação esgotada e o número de telespectadoreso também foi menor do que no ano de estreia, 2022. A Associated Press (AP), a principal agência de notícias do mundo, também acredita que a popularidade da F1 no país está estagnada ou até mesmo em declínio.
Os americanos adoram drama e ação. É por isso que a NASCAR é tão popular. Os pilotos não hesitam em bater uns nos outros nos ovais íngremes, resultando em acidentes violentos. Na NASCAR, há dez vencedores diferentes em 16 corridas até agora nesta temporada, a imprevisibilidade é enorme e ainda é a categoria de corrida mais popular dos Estados Unidos. Na Fórmula 1, há dois vencedores diferentes este ano: Max Verstappen e Sergio Pérez, ambos da Red Bull Racing.
Admiração no paddock
Na Fórmula 1, há uma grande admiração pelo trabalho da Red Bull, que tem, de longe, o melhor carro e o melhor piloto. Mesmo entre os maiores detratores de Verstappen e companhia: "Não é mais uma frustração, se é que algum dia foi", disse Lewis Hamilton no Canadá, por exemplo. "Você sabe como é, sabe o que tem pela frente e não há nada que eu possa fazer em relação ao desempenho incrível deles. É provável que eles vençam todas as corridas, daqui para frente, este ano, a menos que Aston Martin e Mercedes tenham muito mais desempenho nos carros, ou que o carro deles não termine".
Tenho certeza de que também há admiração pelo desempenho da Red Bull nos Estados Unidos, mas o público de lá está impaciente. Um pouco estragados pelas histórias de Drive to Survive (que muitas vezes não fazem jus à verdade), os americanos estão esperando uma NASCAR 2.0. A agência de notícias AP escreveu: "Mas aqui está o segredinho sujo da F1: as corridas nunca foram excelentes e 2021 foi uma temporada anômala".
O amor dos Estados Unidos pela Fórmula 1 pode, portanto, ter vida muito curta. A AP fala de "uma base de fãs inconstante", que desiste se a ação na pista não melhorar. "A F1 se destaca pelo drama, pela política cruel e pelas facadas nas costas, mas quando isso não se traduz em um produto empolgante, a capacidade de atenção será testada".
"Nada de gastar dinheiro em corridas decididas rapidamente"
Para reconquistar o público perdido, o Grande Prêmio de Miami, por exemplo, quer mudar o horário de largada para a noite. Isso deve produzir imagens bonitas, dar à corrida uma dimensão extra e, assim, atrair um público. "Mas se Verstappen e a Red Bull continuarem a dominar como estão, isso não importará. Poucos querem desembolsar o dinheiro necessário para ver uma corrida decidida na primeira curva da primeira volta."
Não que a F1 seja totalmente desinteressante, a AP não quer dizer isso de forma alguma. "O paddock da F1 entende os fluxos e refluxos da série e reconhece que algumas das corridas mais acirradas acontecem no meio do pelotão. Os americanos podem não ser tão compreensivos se isso continuar."