GP da França: "O problema não é com o circuito, mas com a política"
- Vicente Soella
Após um período significativo de ausência, o Grande Prêmio da França retornou ao Circuito Paul Ricard em 2018. No entanto, após a edição de 2022, o contrato não foi renovado e o evento saiu do cronograma deste ano da categoria. Agora, há planos para sediar o GP da França em Nice.
De acordo com o jornal Nice-Matin, Christian Etrosie, prefeito de Nice, escreveu uma carta a Macron, presidente da França. Nela, ele pediu apoio e enfatizou os interesses de sediar um Grande Prêmio no país. Macron concordou e deu a Estrosi e ao presidente da FFSA (Federação Francesa de Esporte a Motor), Nicolas Deschaux, a responsabilidade de entrar em contato com a F1/Liberty Media. Eles devem trabalhar juntos para ver se é viável o retorno da F1 à França.
Importante para o país
Macron acredita que o retorno do GP da França é importante. Ele acredita que o país, entre outros grandes eventos esportivos internacionais, também deveria sediar a F1 mais uma vez. "É uma questão de atratividade para nosso país, a influência de nossa indústria automotiva e a inovação para apoiar a descarbonização desse setor", disse o presidente.
"Dessa forma, você poderá estudar as diferentes opções possíveis de localização [na França], identificando para cada uma delas seu modelo econômico, sua compatibilidade com nossos compromissos ecológicos e sua possível contribuição para o desenvolvimento regional e nacional", acrescentou Macron.
O apoio de Macron é importante para o possível retorno, já que o atual chefe de Paul Ricard, Jean Alesi, acredita que a ausência do GP no calendário se deve principalmente à falta de apoio político. "O problema da F1 na França não é com o circuito, é com a política", diz Alesi.
Falta de apoio político
Com exceção de uma corrida em Magny-Cours, nunca houve um presidente presente em um GP da França, e isso só aconteceu devido ao fato de que a corrida foi realizada lá por causa de um desejo político. "Desde então, isso [a visita do presidente] nunca aconteceu. O problema não é com o circuito; o problema é o desejo do país", cotinuou Alesi.
Além dessa falta, há também uma discussão sobre o pagamento de dívidas contraídas pelos eventos em Paul-Richard. De fato, as autoridades de Nice Cote d'Azur concordaram em pagar 5 milhões para ajudar o Grupo de Interesse Público da organização do GP da França a pagar 27 milhões em dívidas.
Esse acordo não passou despercebido, pois os pagamentos já são esperados para o final deste mês. O deputado do EELV (partido político francês), Frabrice Decoupigny, disse ao jornal Nice-Matin que ele está, portanto, muito descontente com essa escolha. "Não se trata de pagar um adiantamento de 5 milhões quando há possíveis irregularidades", disse o deputado. "Você não vota sem saber. Eles colocam a faca na nossa garganta, enquanto, ao mesmo tempo, Christian Estrosi aumenta a passagem do bonde em 70% e interrompe os subsídios para a eletromobilidade".
O prefeito local também discorda, já que os impostos dos cidadãos já foram aumentados substancialmente este ano. Ele acha que um adiantamento de 5 milhões é "enorme" contra os esforços dos moradores.
Em suma, essas discussões não ajudam a obter dinheiro público para organizar a corrida de rua em Nice. Portanto, ainda não é certo se o Grande Prêmio será realizado em breve.