Jean-Éric Vergne: "Odeio perder muito mais do que gosto de ganhar"

Jean-Éric Vergne - ex-piloto da Red Bull e que correu três temporadas pela Toro Rosso - é um interlocutor encantador para os jornalistas. O francês é avesso a conversas sobre relações públicas e sempre diz o que pensa. Por exemplo, após a conclusão do ePrix de 2023 em Londres, o veterano de 33 anos reclamou de "uma humilhação", referindo-se a um acidente e, um dia depois, a um 22º (e último) lugar na segunda corrida. São palavras que não se calam, palavras que uma equipe não gosta de ouvir de um de seus pilotos.

Vergne teve dificuldades na DS Penske

Alguns meses depois, Vergne enfatizou que, na época, ele estava se referindo apenas àquele fim de semana em Londres. Ainda assim, o francês ficou com um gosto amargo após a temporada. Ele terminou em quinto lugar no campeonato, com uma única vitória (na Índia). Por outro lado, foi principalmente graças à sua consistência que Vergne ainda terminou relativamente bem no campeonato. A prova de que acumular pontos de forma constante pode ajudar muito, mas três pódios em 16 corridas não se encaixam no status de um bicampeão da Fórmula E e nas ambições da DS Penske. A equipe liderada por Jay Penske simplesmente não foi rápida o suficiente.

"É claro que não posso dizer que fiquei feliz com a última temporada, especialmente depois de ganhar dois campeonatos e algumas vitórias e pódios na Fórmula E", disse Vergne durante uma entrevista à mídia com, entre outros, GPblog. "Estar lutando como temos feito não é nada agradável. Mas é o que é. Acho que temos uma enorme quantidade de trabalho".

"DS Penske é o azarão"

Uma desvantagem para as equipes da Fórmula E é que apenas um número limitado de peças pode ser modificado no meio da temporada. Nada pode ser alterado no conceito do carro Gen3, por exemplo. O "software", no entanto, pode. Felizmente para Vergne, isso certamente pode fazer a diferença. "Será que vamos conseguir resolver todos os problemas que encontramos? Não posso dizer isso a você. Acho que somente os resultados poderão mostrar a você a resposta a essa pergunta. A motivação está mais alta do que nunca. Você perguntou como encontro a motivação ou o que me motiva. Como você deve saber, odeio perder muito mais do que gosto de ganhar. Eu simplesmente não quero mais perder".

"Acho que temos de ser realistas. Temos uma concorrência difícil. Eles não saíram de férias e não fizeram nada. Podemos esperar que as principais equipes estejam ainda mais fortes na próxima temporada. Temos de dobrar a quantidade de trabalho que precisamos produzir se quisermos alcançá-los e vencê-los. Não vai ser fácil. Está claro que somos os azarões este ano, mas não é uma situação ruim, desde que possamos melhorar e vencer", disse Vergne.

Vandoorne não quer passar por isso de novo

O companheiro de equipe Stoffel Vandoorne trocou a equipe Mercedes dissolvida pela DS Penske após a temporada de 2022, usando o número de largada um como um lembrete permanente de seu título mundial de Fórmula E recém-conquistado. Em vez de uma chance séria de prolongar o campeonato, um quarto lugar foi o "destaque" de sua temporada. Terminando apenas em 11º lugar, o ex-piloto da McLaren F1 disse:

"A última temporada foi muito difícil e não é algo que eu queira viver novamente. Nesses momentos em que as coisas estão difíceis, é fácil apontar o dedo para o outro. Mas não é para isso que estamos aqui. Estamos aqui para progredir e seguir em frente", disse Vandoorne. "Acho que é importante ter essa continuidade. Para mim, foi o primeiro ano na equipe. Acho que é importante construir esse relacionamento. Agora estabeleci um bom relacionamento com todos, com os engenheiros e com todas as novas pessoas da equipe. Acho que vamos crescer a partir daqui".