Como Pérez influenciou o México com a sua chegada na Fórmula 1
- GPblog.com
Durante o fim de semana do Grande Prêmio do México, o GPblog entrevistou Carolina Figueroa, uma jornalista mexicana de automobilismo. Ela nos contou como a perspectiva mexicana sobre a Fórmula 1 mudou desde a chegada de Sergio Pérez, e como ele influenciou a vida da sociedade mexicana, especialmente depois de assinar com a Red Bull.
Carolina Figueroa é uma jornalista esportiva mexicana que dedica sua vida ao automobilismo. Ela trabalha para o Racing Certified e, durante uma agradável conversa, descobrimos como a Fórmula 1 é vivida no México e como é a paixão dos torcedores mexicanos após a consolidação de Sergio Pérez na Red Bull a partir da temporada de 2021.
A Fórmula 1 no México antes de Checo
Como é o caso em muitos países que não tem a cultura do automobilismo, a base de fãs não era muito grande, como Figueroa reflete aqui: "Antes da chegada de Checo à Fórmula 1, as pessoas que acompanhavam esta categoria e o automobilismo em geral eram pequenos grupos de pessoas que vinham assistindo à Fórmula 1 desde os anos 80 ou 90". Mas ela também nos diz que pequenos passos foram dados desde a primeira aparição do mexicano: "Depois que Checo se juntou a Sauber em 2011, houve pessoas que começaram a acompanar os passos de Sergio na Fórmula 1, na verdade, graças a ele que o Grande Prêmio do México voltou em 2015".
O orgulho mexicano agora que ele está no topo da categoria
"Sinceramente, é um orgulho total para os mexicanos e eu me incluo, como uma mexicana. Você pode dizer que o efeito de Checo Pérez no México desde que ele está na Red Bull tem sido semelhante ao que aconteceu com Fernando [Alonso] na Espanha ou o que acontece com Max [Verstappen] na Holanda. Eu diria que mais do que tudo isso, o que Checo faz pela população mexicana é trabalho social, é um elemento do qual os mexicanos podem se sentir muito orgulhosos e que é muito necessário para o país."
"Em geral, o esporte é muito necessário para fazer a sociedade esquecer os problemas da vida cotidiana, a instabilidade política, a criminalidade no país, etc. E, até certo ponto, o esporte é útil para fazer os mexicanos se sentirem orgulhosos. Como fora do país a imagem do mexicano com o chapeuzinho no deserto com o nopales ainda está presente, o fato de um mexicano estar atuando no topo de uma categoria como a Fórmula 1, é um motivo total de orgulho nacional", disse Carolina.
"O fervor que Checo cria no México é indescritível. As pessoas ficam loucas por ele, como vimos na corrida do ano passado, depois da corrida, o espetáculo que foi feito no pódio. Na noite após a corrida, a multidão extasiada encheu toda a Avenida Reforma com bandeiras mexicanas e aplausos ao Checo, fazendo com que toda a avenida ficasse parada. Foi uma loucura completa, e olhe que ele só chegou em terceiro lugar", lembrou a jornalista.
Ganho político para o pai do Checo
"Pessoalmente, eu não acho correto que seu pai aproveite o sucesso de seu filho para fazer campanha política. Nisso, Sergio é muito inteligente, porque ele não se envolve em nenhum dos assuntos políticos de seu pai. Embora a Red Bull também o oriente para que ele não esteja correlacionado com a ideologia política e a candidatura de seu pai."
"No México, as pessoas não confiam mais nos políticos à moda antiga. É por isso que, ultimamente, os partidos políticos tradicionais estão se voltando para as celebridades para ganhar a confiança dos mexicanos. Neste caso, o pai de Checo apelou para a atração de seu filho no país. Mas honestamente, eu acho que ele precisa se aliar a alguém ou a um milagre para que sua candidatura tenha efeito, pois é muito difícil lutar contra os grandes tubarões da política", diz Carolina.
Desenvolvimento do automobilismo no México
Figueroa acredita que do lado de Checo o trabalho é bem feito, mas que falta uma parte que investe para que isso possa ser realizado: "Checo já tem sua própria escola de kart e seu circuito, mas não há mais ninguém no país que aposta nisto". Porém, no caso do Checo, quem ajudou a colocar o México no mapa do automobilismo foi Carlos Slim, um dos empresários mais ricos do mundo, dono da América Móvil, que assumiu o risco e começou a apoiar a carreira esportiva do Checo desde o início no kart: "Checo teve imensas dificuldades para se desenvolver no mundo do automobilismo, em um país sem cultura automobilística, ele teve que fazer o esforço de ir para a Europa para se tornar algo no mundo".
A situação no México, diz Figueroa, é crítica devido à falta de pilotos: "A chegada de Checo à Fórmula 1 foi um milagre, e neste momento na escola de kart de Checo, que está ligada à equipe Telmex, duas crianças de 5 e 6 anos de idade são promissoras. E é muito difícil convencer uma família inteira com recursos financeiros limitados a ir para a Europa. Isso não é um bom presságio para o futuro próximo quando Checo se aposentar", disse ela .