Como Leclerc pode se beneficiar com a chegada de Vasseur?

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Leclerc beneficiado com chegada de Vasseur
20 de dezembro de 2022 no 07:55
Última atualização 20 de dezembro de 2022 no 08:14
  • Vicente Soella

Após a Ferrari anunciar no fim de novembro a saída de Mattia Binotto, criou-se uma expectativa muito grande sobre quem seria o sucessor do italiano na equipe de Maranello e de que forma isso poderia influenciar na vida da dupla de pilotos, Charles Leclerc e Carlos Sainz. Com o anúncio de Vasseur sendo feito na semana passada, muitos acreditam que o monegasco pode ser beneficiado.

A relação entre Leclerc e Vasseur é antiga. Os dois trabalharam juntos em 2016 na ART Grand Prix, quando o monegasco se tornou campeão da GP3 (atual Fórmula 3). Dois anos depois, em 2018, Vasseur era o chefe de equipe da Sauber quando Leclerc fez sua estreia na Fórmula 1.

Na semana passada, a Ferrari anunciou oficialmente que Vasseur vai ocupar o cargo de chefe de equipe a partir de 2023, substituindo Binotto. Embora muitos duvidem que Leclerc tenha tido qualquer tipo de influência na escolha da equipe, é claro que todos estão pensando de que forma a chegada de Vasseur pode influenciar internamente: Leclerc realmente será o número um da equipe a partir de agora? Como fica a situação de Carlos Sainz?

Influência na escolha

Mesmo que Leclerc tenha negado em uma entrevista durante a cerimônia de gala da FIA na última semana que ele tenha tido qualquer influência na escolha de Vasseur como chefe de equipe, é muito improvável que a gerência da Ferrari não tenha consultado a equipe de Leclerc para saber se o francês tinha ou não a aprovação por parte do piloto.

Em teoria, a chegada de Vasseur poderia fortalecer a posição de Charles dentro da Ferrari.

Leclerc pode muito bem ter visto a maneira como Lewis Hamilton construiu a equipe da Mercedes toda em torno de si, e o mesmo está acontecendo com Verstappen na Red Bull. Por isso, com a chegada de um velho conhecido, o monegasco acredita que pode fazer o mesmo na Ferrari nos próximos anos.

Piloto número um?

A performance dentro das pistas é o que normalmente dita a hierarquia dentro de uma equipe. Durante a segunda metade da temporada, o carro da Ferrari demonstrou uma mudança de filosofia, o que teria beneficiado mais Carlos Sainz, e por isso o espanhol conseguiu ter um desempenho ligeiramente melhor do que o de Leclerc nas últimas corridas. Por esse motivo, Leclerc vai precisar do apoio de Vasseur para se certificar de que o carro esteja de uma maneira que seja a ideal para ele, e não para seu companheiro de equipe.

Por exemplo: é inegável que a Red Bull desenvolve o seu carro pensando nas preferências de Max Verstappen, e não nas de Pérez. Por isso, é totalmente concebível a ideia de que a Ferrari possa fazer o mesmo com um de seus pilotos.

A Scuderia optaria então por Leclerc, pois é o piloto que está junto da Ferrari há muitos anos (fez parte da Academia da equipe) e que eles enxergam como o mais talentoso entre os dois, e que pode superar Verstappen nos próximos anos.

Saída para a Mercedes?

Além do mais, muitos especulam que a chegada de alguém que já é conhecido por Leclerc foi uma maneira de a Ferrari se certificar de que o piloto continuará com a equipe quando seu contrato expirar. O contrato do monegasco com a equipe italiana vai até o fim de 2024.

Na Mercedes, o contrato de Lewis Hamilton acaba no fim da próxima temporada. Apesar de a equipe e o próprio piloto já terem admitido abertamente de que uma renovação deve acontecer, é inegável que daqui 2 ou 3 anos a Mercedes precise procurar alguém para ocupar a vaga que será deixada por Hamilton, que hoje está com 37 anos (a não ser que ele siga os passos de Alonso).

Parece que Leclerc estaria de olho nessa vaga, caso a Ferrari não lhe dê um carro que seja capaz de brigar pelo título nos próximos anos. Com isso, vendo o risco iminente de perder seu principal piloto, a equipe italiana não se importaria de contratar um chefe de equipe que o favoreça mais do que a Carlos Sainz.

Sainz como segundo piloto?

Se há algum piloto que se sinta feliz em ser um mero coadjuvante dentro de uma equipe, então eu acho melhor que ele se aposente. O piloto que não tem ambição de derrotar o seu próprio companheiro de equipe não merece lugar em nenhuma categoria do automobilismo.

Porém, sabemos que Sainz está muito longe de ser esse tipo de piloto. Assim como todos os outros que estão no grid da categoria atualmente, o espanhol também tem o sonho de se tornar campeão mundial. Então, fica o questionamento: Sainz aceitaria ser segundo piloto na Ferrari?

A resposta, é claro, é “não”. O espanhol ficou na frente de Charles Leclerc na temporada de 2021 da Fórmula 1, e por isso não há motivos para acreditar que ele não seja capaz de repetir o feito em uma próxima temporada – e ele sabe que pode fazer isso.

Mesmo que a Ferrari - com a chegada de Vasseur - opte por favorecer Leclerc no ano que vem, o que a equipe vai fazer se Sainz estiver na frente ou empatado com o monegasco na classificação após 8 ou 9 corridas, por exemplo? A equipe vai escolher seu “número um” ou vai deixar os seus pilotos livres para competir?

Não há qualquer garantia de que Leclerc será superior a Sainz na próxima temporada, diferente do que acontece na Red Bull, onde é muito mais provável que Verstappen sempre supere Pérez devido a grande diferença técnica entre eles.

Conclusão

Acredito sim que Leclerc pode se beneficiar com a chegada de Vasseur, mas o novo chefe de equipe terá muito trabalho pela frente, principalmente se a Ferrari não conseguir desenvolver um carro forte para os próximos anos, o que vai abrir uma brecha para que o monegasco siga por outro caminho.