Ferrari poderia ter colocado Vasseur e Binotto juntos?
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Três Grands Prix e apenas 26 pontos: Ferrari começou o ano dramaticamente. De fato, os italianos não começaram uma temporada de Fórmula 1 tão desastrosamente em 14 anos. Frederic Vasseur deveria ter colocado as coisas em ordem, mas por enquanto nós vemos muito pouco disso. Mas não é culpa do Vasseur. De quem é a culpa? Da própria Ferrari! Mas então, graças à chegada de Vasseur, há alguma luz no final do título? Não, longe disso.
A equipe de Maranello estava firmemente convencida no início de 2022 de que eles iriam finalmente competir pelo título mundial mais uma vez. No início da temporada, a Ferrari tinha um carro que era, no mínimo, equivalente ao RB18 de Max Verstappen e Sergio Pérez. Como todos sabemos, a Red Bull conseguiu desenvolver o seu carro de forma fantástica e a Ferrari não. E não, isso não é culpa somente do Binotto.
Colocou a Ferrari no topo
O ex-chefe da equipe foi tratado como lixo. Binotto foi o responsável pelo retorno da Ferrari ao topo após anos difíceis em 2020 e 2021. O carro era competitivo, e com a sua formação na área de engenharia, o italiano sabe como construir um carro forte. O fato de as coisas não terem funcionado como se esperava em 2020 e 2021 se deve principalmente às novas restrições de motor impostas pela FIA.
Assim, Binotto certificou-se de que a Ferrari retornasse ao topo, mas depois ele acabou sendo mandado embora - bem no momento em que a Ferrari poderia usar ao máximo seus conhecimentos técnicos. Havia passos a serem dados, e esses passos (com o início da temporada de 2023 em mente) só ficaram maiores. O fato do chefe técnico, David Sanchez, ter decidido sair logo depois de Binotto apenas complicou a tarefa.
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Após o Grande Prêmio do Bahrein, David Sanchez inesperadamente deixou a Ferrari.
A saída de Sanchez
Vasseur pode fazer muitas coisas da maneira certa - inclusive, ele é capaz de fazer muitas coisas melhor do que Binotto, sem dúvida. Mas o italiano tem um conhecimento técnico muito maior do que seu sucessor francês. Ao decidir mandar Binotto embora, a Ferrari se desfez de 17 anos de conhecimento técnico e experiência. Com a saída de Sanchez, a equipe deve agora também procurar um substituto para liderar o desenvolvimento do carro. Mas onde você consegue um substituto assim no meio da temporada? É uma tarefa muito difícil, mas o SF-23 precisa ser desenvolvido. A Ferrari está sem comando no momento...
Escolher um substituto para Sanchez em outra equipe não é tão fácil. Não só porque a temporada já está em pleno andamento e ninguém apenas deixa de lado um projeto que começou, mas também porque contratar alguém vindo de seus principais concorrentes sempre envolve a "licença de jardinagem". Caso a Ferrari consiga alguém de fora, essa pessoa provavelmente terá que esperar por pelo menos 12 meses antes de poder trabalhar com a equipe. E sim, até lá, já estará na metade da temporada de 2024.
Talvez James Key possa ser uma opção interessante para os italianos. O diretor técnico foi mandado embora da McLaren no mês passado e agora está sem um emprego. Na AlphaTauri, Key tinha uma reputação particularmente boa, mas na equipe de Woking ele (aparentemente) não conseguiu corresponder às expectativas. O britânico de 51 anos de idade tem um bom histórico e está disponível. Talvez a Ferrari devesse fazer uma ligação e analisar a possibilidade de misturarem seus conhecimentos.
Muitas tarefas
Vou falar novamente sobre Binotto, porque estou convencido de que ele não era o problema da Ferrari. OK, em termos de gerenciamento de equipe ele poderia ter sido melhor, mas parece que selecionar as pessoas certas para o lugar certo não é exatamente seu ponto forte (algo que Vasseur já provou ser bom no passado), mas ele provou ser um excelente engenheiro. O fato da Ferrari não ter conseguido acompanhar o ritmo de desenvolvimento da Red Bull não é culpa dele. A culpa é da Ferrari, porque (como tem sido há vários anos) deu muitas funções à Binotto.
Enquanto a Red Bull Racing, com Christian Horner, Helmut Marko, Adrian Newey e - talvez em menor extensão - o gerente de equipe Jonathan Wheatley, claramente dividiu todas as tarefas, na Ferrari Binotto realmente parecia ser o responsável por TUDO. Christian Horner ou Toto Wolff realmente não se preocupam em construir o carro, mas Binotto se preocupava. Porque ele tinha que fazê-lo, e porque é aí que está sua principal capacidade.
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Mattia Binotto foi o responsável por muito mais departamentos na Ferrari do que Christian Horner. (Foto: Red Bull Content Pool)
Dupla Vasseur e Binotto
Binotto não é o chefe de equipe perfeito para a Ferrari, mas como chefe do departamento técnico, poucos são melhores do que ele. Vasseur tem mais qualidades exigidas de um chefe de equipe. O francês, que estava na Alfa Romeo, é muito experiente, sabe como funciona uma equipe e quais são os limites. Ele mostrou isso tanto na Fórmula 2 quanto na Fórmula 1. Ele coloca as pessoas certas no lugar certo e sabe como formar um time completo.
A Ferrari cometeu um grande erro ao decidir - de maneira desrespeitosa - mandar Binotto embora. Uma equipe com Vasseur à frente e Binotto ao seu lado cuidando de tudo o que tem a ver com engenharia teria sido forte como uma rocha!
Dizer que a Ferrari não está indo bem no momento é um eufemismo. Espero que Vasseur tenha tempo para trazer ordem ao caos, porque com esta confusão (e a súbita saída de Sanchez) é difícil culpá-lo. Tirar a liderança estratégica de Inaki Rueda e mandá-lo de volta para a fábrica em Maranello foi uma excelente escolha, agora basta mandar o engenheiro de corrida de Charles Leclerc, Xavier Marcos Padros, pelo mesmo caminho.