Coluna | É bobagem achar que Leclerc está de volta à briga pelo título

Um carro rápido e confiável

"Eu prefiro ter um carro rápido que não seja confiável do que o contrário", é uma afirmação que Christian Horner adora fazer e uma que Mattia Binotto copiou nesta temporada. Pode haver alguma verdade nisso, mas para ser um campeão você precisa de ambos. Você precisa ser rápido e precisa ser confiável. Um ou o outro não adianta.

A era da Mercedes é um exemplo de como você se torna campeão mundial por ser rápido e confiável, mas também há muitos exemplos do passado. Pense em Fernando Alonso que, em 2005, realmente não tinha um carro mais rápido do que Kimi Raikkonen. A Renault de Alonso, no entanto, quebrou muito menos vezes que a McLaren do finlandês.

Em 2021, nós também vimos isso com os concorrentes ao título. Valtteri Bottas abandonou quatro vezes e teve uma falha no sistema de pit stop. Lewis Hamilton só abandonou uma vez. Na Red Bull Racing, nós vimos o mesmo caso de Hamilton, com apenas dois abandonos para Sergio Perez e Max Verstappen.

A comparação entre esses dois anos não é inteiramente justa porque os carros de 2021 já estavam totalmente desenvolvidos, mas o princípio permanece o mesmo. Você pode ter um dia ruim e terminar mais atrás, mas abandonar vai lhe custar muito mais pontos. Portanto, não é surpreendente que Max Verstappen tenha se colocado fora da briga pelo título após dois abandonos nas três primeiras corridas de 2022.

Os problemas da Ferrari

Enquanto Verstappen sofreu com pequenos problemas em seu carro, os problemas na Ferrari são muito maiores: o motor. O orgulho de Maranello não é algo para se orgulhar em 2022. No espírito de Enzo Ferrari, o motor é muito rápido, mas não é nada confiável. Isso é o que está prejudicando a equipe agora e só vai atrapalhar ainda mais.

É bom que a Ferrari esteja ganhando corridas novamente e parece estar muito mais rápida que a Red Bull, mas isso não significa que o campeonato esteja, de repente, bem aberto novamente. A Ferrari está atrás, quando deveria estar à frente. A equipe tem muitos problemas de confiabilidade para transformar um déficit em uma liderança nas próximas onze corridas.

Leclerc já instalou um quarto motores de combustão interna, turbocompressores, MGU-H e MGU-K e, por isso, ele perdeu lugares no grid de largada do Canadá. Foi só a nona corrida. Carlos Sainz já instalou três das mesmas partes e deverá sofrer uma punição na França. As chances do motor sobreviver são nulas.

O fato do motor de Sainz ter sido queimado também é um mau sinal para Leclerc. Os problemas ainda não estão resolvidos e os sensores aparentemente não estão captando quando eles serão afetados. Portanto, eles podem abandonar estando na liderança da corrida, como aconteceu em Baku e Barcelona.

Estes problemas da Ferrari também estão refletidos nas outras equipes. Enquanto os pilotos com motores Red Bull ou motor Mercedes só instalaram as mesmas peças duas vezes, os pilotos da Haas e Alfa Romeo também precisaram de um novo motor Ferrari três vezes.

Leclerc deve estar à frente

Portanto, é seguro dizer que Leclerc vai abandonar alguma corrida novamente e sofrer pelo menos mais duas punições no grid de largada. O ritmo da Ferrari não é tão forte a ponto de Leclerc vencer largando em último (Verstappen foi mais rápido na qualificação e na corrida de sprint). Em três corridas, Leclerc pode perder cerca de 50 pontos. Se você levar isso em conta, Leclerc terá que fazer 88 pontos a mais que Verstappen nas outras oito corridas.

Então, na minha opinião, Leclerc não está na briga pelo título de forma alguma. A mídia italiana (e britânica) quer que a Ferrari brigue pelo título mundial, mas a Red Bull está em uma posição muito melhor. Não só não há grandes problemas com o motor, mas também sua velocidade está melhorando. Você tem que lembrar que Verstappen já esteve na pole duas vezes nas últimas três corridas. Em Silverstone, ele claramente tinha o melhor carro e no Red Bull Ring o carro só não foi bem no domingo. Se a Red Bull conseguir encontrar o motivo, provavelmente estará de volta à disputa pela vitória na França.

Ferrari e Leclerc ficaram para trás na pontuação devido a problemas no motor, mas também terão um futuro contratempo que todos sabem que está por vir. A vitória na Áustria foi boa para a luta pelo título, mas Leclerc só será verdadeiramente competitivo de novo se ele tiver uma vantagem sobre Verstappen. Caso contrário, o Verstappen irá calmamente para o seu segundo título mundial. Um segundo lugar já foi uma vitória para ele.

Este artigo teve origem na edição holandesa do GPBlog e foi escrito por Tim Kraaij.