Bortoleto fala de seu relacionamento com Alonso e Drugovich
- Ludo van Denderen
Durante anos, o Brasil foi um terreno fértil para pilotos de Fórmula 1 de sucesso: Ayrton Senna, Nelson Piquet e Emerson Fittipaldi - todos foram campeões mundiais. Os tempos agora estão mudando. A principal categoria do automobilismo mundial não tem um piloto brasileiro há 6 temporadas, mas ainda há esperança para um dos países mais bem-sucedidos neste esporte. Enquanto o ex-campeão da Fórmula 2, Felipe Drugovich, espera por uma vaga, Gabriel Bortoleto também parece estar batendo à porta em um futuro próximo. No último fim de semana, o jovem de 18 anos conquistou o título da Fórmula 3 em sua temporada de estreia.
É claro que, em primeiro lugar, há os agradecimentos habituais à sua equipe Trident, ao seu treinador, à sua família e à gerência da A14 Management. Isso faz parte das corridas; um piloto nunca pode vencer um campeonato sozinho. Inclusive, Bortoleto menciona um grande nome por trás do seu grande sucesso: Fernando Alonso. "Fernando é uma lenda da Fórmula 1, e não apenas da Fórmula 1. Ele já pilotou em várias categorias e venceu em todas elas. Ele não é apenas meu empresário, mas também um ídolo para mim. Desde que eu era muito jovem, Fernando participou de corridas na categoria dos meus sonhos, a Fórmula 1", começou Gabriel.
"Com certeza, ele é uma grande parte do que eu fiz nesta temporada. Houve momentos [como quando] liderando o campeonato depois de Melbourne, acho que ganhei minha segunda corrida consecutiva. Lembro que ele me enviou uma mensagem de voz de quase 10 minutos no WhatsApp. Ele me disse muitas coisas boas, mas manteve em minha mente que eu não poderia vencer todas as corridas do ano. No momento em que comecei a ter dificuldades, porque em algum momento eu teria dificuldades na temporada ou não estaria vencendo, eu precisava aceitar isso e conseguir os pontos de que precisava. Essa foi a minha mentalidade durante toda a temporada, porque isso veio diretamente dele. Quando um cara como Fernando lhe diz algo, acho melhor você ouvir."
Ter Alonso como mentor
Bortoleto disse ao GPblog que Alonso o inspirou em todas as áreas. "Acho que a dedicação dele é muito impressionante. Porque ele tem 42 anos e não precisa provar nada a ninguém. Ele ganhou dois títulos na Fórmula 1. Muitas pessoas dizem no paddock que ele deveria ter vencido muito mais, e as pessoas consideram Alonso um dos melhores de todos os tempos no grid, e eu concordo com isso", afirmou Gabriel.
"E mesmo assim, aos 42 anos, ele ainda se esforça como um jovem de 18 anos. E isso me impressiona, porque muitas pessoas, quando atingem seus objetivos, começam a abandonar o esporte e a perder o desempenho. Mas Fernando não é assim. E isso me mantém motivado e me mostra que preciso me esforçar. A cada dia, eu busco mais e mais", disse o brasileiro.
Seguindo os passos de Piastri
Bortoleto mal havia saído do carro após a conquista do título quando o compatriota Felipe Drugovich - atualmente piloto de testes e reserva da Aston Martin - estava ao seu lado para lhe dar os sinceros parabéns. Dois brasileiros, um comemorando o sucesso do outro. "Felipe é um dos principais responsáveis pelo meu desenvolvimento nas duas últimas temporadas. Felipe é um campeão mundial de Fórmula 2. Ele provou que pode estar no topo nas categorias juniores. Antes de cada corrida, acho que ligo para ele. Ou mesmo quando não ligo para ele, ele está na pista, então vou vê-lo. Porque ele não é apenas um amigo, mas também um professor para mim".
O título de Bortoleto segue os passos de Oscar Piastri, o único que também venceu o campeonato de F3 [sem contar a antiga série GP3] logo como estreante. Desde então, o australiano chegou à Fórmula 1, assim como Bortoleto espera fazer. O brasileiro ainda é um novato que precisará dar o próximo passo em seu desenvolvimento - provavelmente na Fórmula 2 - na próxima temporada.
"Meus pontos fortes? Acho que o fato de ter começado muito rápido na temporada. Vencer as duas primeiras corridas foi muito especial, o que foi um ponto forte para mim. Tenho muitos pontos fracos em minha mente porque sei onde posso melhorar e cada coisa que fiz de errado nesta temporada. Prefiro não dizer isso aqui porque não é meu trabalho. É tarefa dos outros pilotos do grid descobrir meus pontos fracos e jogar com eles. Mas se você se aprofundar na temporada, perceberá o que eu fiz de errado ou não", disse Bortoleto, rindo.