Análise: 2023 pode ser decisivo para as chances de Enzo Fittipaldi na F1

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Análise: 2023 pode ser decisivo para as chances de Enzo Fittipaldi na F1
3 de março de 2023 no 17:52
  • Marcos Gil

2023 pode ser um ano importante para o Brasil na Fórmula 1. Além de Felipe Drugovich exercer o papel de piloto reserva na Aston Martin, Enzo Fittipaldi vive a expectativa de brigar pelo título da Fórmula 2 e conseguir uma vaga no grid da F1 em 2024.

Desde 2017, última temporada de Felipe Massa na Fórmula 1, o Brasil não tem um piloto titular no grid da principal categoria do automobilismo. De lá para cá, apenas Pietro Fittipaldi esteve em ação em Grandes Prêmios, quando substituiu o lesionado Romain Grosjean nas últimas duas etapas em 2020 pela Haas. E pode ser justamente da família Fittipaldi que venha o próximo brasileiro titular na F1.

Enzo Fittipaldi, de 21 anos, faz em 2023 sua segunda temporada completa na Fórmula 2. Após disputar oito provas em 2021, dividindo sua atenção com a F3, o “Tubarãozinho” disputou seu primeiro campeonato completo no ano passado e impressionou. Correndo pela discreta Charouz, Fittipaldi conseguiu seis pódios e fechou a temporada no oitavo lugar, sendo um dos melhores novatos no grid. O seu desempenho não apenas lhe rendeu uma vaga na Carlin, uma equipe historicamente muito mais competitiva que a Charouz e que foi vice-campeã em 2022, como também impressionou Helmut Marko, conselheiro da Red Bull e comandante do programa de jovens pilotos da equipe austríaca, que o recrutou para a equipe júnior.

Competição acirrada na Red Bull

Apesar do grande histórico de pilotos júnior promovidos para a Fórmula 1, fazer parte da equipe da marca de energéticos não é nenhuma garantia para Fittipaldi. Em 2023, o brasileiro terá outros cinco membros do programa competindo com ele na F2: Dennis Hauger, Ayumu Iwasa, Jak Crawford, Zane Maloney e Isack Hadjar.

Ao início do campeonato, os principais adversários do brasileiro nessa batalha interna parecem ser: Hauger, campeão da F3 em 2021, que assumiu o lugar deixado por Felipe Drugovich na MP Motorsport e já atua como reserva da Red Bull este ano; Kadjar, considerado por muitos como o principal talento da academia neste momento e que brigou pelo título da F3 até a última corrida em 2022, na sua primeira temporada; e Maloney, vice-campeão da F3 e companheiro de equipe de Enzo. Mas, é claro, Iwasa e Crawford também não podem ser ignorados.

Tendo nada menos que 27% do grid da Fórmula 2 e com uma dupla de pilotos na AlphaTauri composta pelo contestado Yuki Tsunoda e a incógnita Nyck de Vries (que é um “forasteiro” na equipe), é de se esperar que Marko esteja bem atento ao desempenho de seus prodígios nesta temporada. Então, é extremamente importante para Fittipaldi aproveitar o salto da Charouz para a Carlin e disputar ativamente o título, já que é difícil imaginar que não haverá pelo menos uma mudança na dupla da equipe B da Red Bull em 2024.

Alphatauri será vendida?

Além da disputa com os demais pilotos júnior da Red Bull, outro fator pode ser primordial para as chances de Enzo chegar à F1 em 2024: a possível venda da AlphaTauri.

Durante os testes de pré-temporada, realizados semana passada no Bahrein, o novo diretor de investimentos e esportes da marca de energéticos, Oliver Mintzlaff, esteve presente no circuito para entender melhor a operação das duas equipes de Fórmula 1. Após isso, o Auto, Motor und Sport noticiou que o futuro da AlphaTauri teria dois caminhos: mudar a operação toda para a Inglaterra ou ser vendida. O próprio Helmut Marko chegou a admitir que o futuro do time estava fora de suas mãos.

Seja como AlphaTauri ou Toro Rosso, a equipe B da Red Bull é figura presente no grid da F1 desde 2006 e foi a responsável por lançar os principais nomes formados pela empresa. Apenas entre Sebastian Vettel e Max Verstappen, são nada menos que seis títulos mundiais conquistados por pilotos lançados pelo time. Além do atual bicampeão, outros quatro integrantes do grid de 2023 fizeram sua estreia pela equipe italiana: Carlos Sainz, Alexander Albon, Yuki Tsunoda e Pierre Gasly. Fora nomes como Daniel Ricciardo (que disputou algumas corridas emprestado à HRT antes de sua primeira temporada completa na Toro Rosso), Daniil Kvyat e outros que já não estão mais correndo como titulares.

Após um período de escassez de nomes à altura, que fez os times da marca austríaca precisarem buscar pilotos “de fora” (um dos motivos de questionamento de Mintzlaff, inclusive), o Red Bull Junior Team parece pronto para voltar a fornecer talentos para abastecer a F1 – e Enzo Fittipaldi briga para ser o primeiro desta fila. Então, a manutenção da AlphaTauri é primordial para as chances do brasileiro chegar à F1.

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