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Alonso permanece depois de queimar tantas pontes

5 de agosto de 2022 no 05:02
Última atualização 5 de agosto de 2022 no 07:50
  • GPblog.com

A "silly season" desta temporada tem sido um enorme ponto de discussão na Fórmula 1, sem uma definição clara à vista. A mudança de Alonso para a Aston Martin e a recusa de Piastri em pilotar pela Alpine deixou a categoria em completa desordem. Nós damos uma olhada no papel do bicampeão mundial e em como ele é favorecido pelas equipes, apesar de suas ações.

O que aconteceu?

Na recente saga de transferência de pilotos, Fernando Alonso foi confirmado como o substituto de Sebastian Vettel na Aston Martin. Isso abriu um espaço inesperado na Alpine para 2023, espaço esse que eles pretendiam preencher promovendo a estrela em ascensão Oscar Piastri para o assento. Em uma virada ainda mais inesperada dos eventos, o australiano se manifestou algumas horas depois para afirmar com firmeza em suas sociais que não iria correr pela montadora francesa. Desde então, nenhuma declaração foi dada por nenhuma das partes envolvidas.

Isto deixou a Alpine completamente perdida. Na percepção da equipe, as negociações contratuais com Alonso estavam no caminho certo, com até mesmo o espanhol dando sinais positivos de que ficaria. Entretanto, logo no começo das férias do verão europeu, a Alpine foi surpreendida com o anúncio que Alonso seria o substituto de Vettel na Aston Martin, que ofereceu a ele o contrato de longo prazo que ele achava que merecia. Ele também publicou um story em seu Instagram mostrando que ele estava em Oveido, Espanha, momentos depois de Piastri desmentir que correria pela Alpine, contradizendo declarações da equipe de que ele não podia ser contatado já que ele estava em algum lugar da Grécia.

O passado

Como se pode esquecer a qualificação para o Grande Prêmio da Hungria em 2007? Em um dia manchado para sempre na história da Fórmula 1, esta foi a sessão em que Alonso ficou parado nos boxes por muito mais tempo do que ele precisava, segurando e, eventualmente, impedindo Hamilton de fazer uma volta no Q3, enquanto o espanhol cravou a pole position por mais de um décimo de segundo. Isto destruiu uma relação já tensa entre os dois pilotos, trazendo um ar de hostilidade para toda a equipe.

Em seu retorno à McLaren, em 2015, ele ficou marcado por reclamar do motor da Honda e do pacote geral do carro no rádio. Enquanto ele sabia muito bem que a McLaren estava distante da vitória, pode-se argumentar que ele não estava preparado uma queda tão grande no desempenho. Muitos apontam para o período entre 2016 e 2018 como os anos que suas duras críticas sobre o motor Honda acabaram danificando sua reputação dentro da F1.

O que o futuro reserva?

Não se pode negar que Alonso tem tido uma influência incrível na F1. Com dois campeonatos mundiais, o espanhol correu pelas equipes mais icônicas, como Renault, Ferrari e McLaren. Também não se pode negar que suas habilidades interpessoais ainda precisam de algum trabalho, com a situação mais recente sendo prova mais uma vez. Apesar disso, as equipes nunca têm medo de contratá-lo, pois sabem que sua chegada traria ambição, paixão e vontade de lutar por tudo o que está em jogo.

Será que Aston Martin será um terreno perfeito para seu projeto final? Por um lado, ele será o líder da equipe. Seu caráter e experiência irão imediatamente impor respeito dentro da equipe e lhe darão a autoridade que ele deseja. Por outro lado, o próprio time tem sofrido com ambições muito elevadas. Construir novas instalações, contratar Vettel e vender-se como a nova equipe que iria tirar a diferença dos carros da frente não tem funcionado muito bem. Só tempo dirá se veremos uma parceria de sucesso ou se a situação ficara ainda pior para o campeão.